…gostava das coisas simples

Os dias de chuva

…já foram dias tristes para mim…Adoro o Sol, preciso dele para recarregar energias…Mas senti – quase como obrigação – necessidade de representar a chuva no livro…Tantas vezes fiquei triste ao ver pela janela o dia triste, cinzento e chuvoso, tantas vezes, nestes dias, desejei o Sol…

Tão injusta com a chuva eu fui…chuva é tão bom! Dá vontade de ficar agarradinho, dá vontade de comer bolinhos de chuva, e viajar de volta no tempo, quando, ainda menina, a mamãe ia para a cozinha preparar bolinhos de chuva para o lanche da tarde…e viajando no tempo lembrei-me de um tempo em que a chuva não era sinónimo de dias tristes…tantos banhos de chuva eu tomei na casa dos avós, e que sensação deliciosa era correr descalça na lama com os braços abertos…a água da chuva em contato com a pele era o mais perto do céu que eu conseguia chegar, e isto me deixava muito feliz… 🙂

… tive vontade de pedir-lhe desculpas, pelos dias em que fiquei triste ao avistá-la da janela…

Foi a chuva que embalou o meu ‘sono químico’ enquanto estava enclausurada no meu quarto, dentro de mim mesma, amargando os sintomas da quimioterapia…

Aquele som da água batendo no telhado foi o único som que eu consegui suportar, durante muitos dias…era uma música repetitiva que embalava o meu sono e me fazia acreditar que tudo ia passar, assim como a chuva passa para dar lugar a um lindo e brilhante dia de Sol! 🙂

Na ilustração, dentro do meu guarda-chuva choviam palavras…

As mesmas palavras que deram o mote para cada um dos textos que escrevi sobre cada uma das doses de quimioterapia que tomei…

Resiliência

Transformação

Perseverança

Oportunidade

Fé

Força

Coragem

Esperança

Estas são as palavras que resumem o percurso por onde andei, durante esta fase tão dura do tratamento…sempre a sorrir… 😉